Sair do armário
Certamente você já ouviu alguém usando a expressão "sair do armário", não é verdade? 😏 A expressão foi (e ainda é) bastante utilizada no meio LGBTQIA+, contudo, dentro e fora dele, as pessoas utilizam este termo quando se referem a alguém que é pertencente à comunidade LGBTQIA+ mas ainda não se "declarou" publicamente enquanto LGBT.
Mas, você sabe de onde veio esta expressão?
Vamos descobrir! 😉😉
A expressão "Sair do armário" utilizada no Brasil, teve sua origem na junção de duas expressões norte-americanas: "come out" e "skeletons in the closet". Para Glauco Lessa, da Super Interessante, as/os brasileiras/os juntaram literalmente as duas expressões, formando “come out of the closet”.
"Nos séculos 19 e 20, “come out” (“sair” ou “se revelar”) era o verbo usado quando as debutantes se apresentavam à sociedade, em grandes festas, para atrair possíveis maridos. Era como se as meninas agora “se revelassem” adultas [...]. Já a expressão “skeletons in the closet” (“esqueletos no armário”) sempre foi sinônimo de segredo vergonhoso". - Glauco Lessa
No caso das pessoas LGBTQIA+, este segredo seria sua orientação sexual, escondida a sete chaves por receio e medo de sofrer violências e preconceito. Assim surgiu a expressão come out of the closet = Saia do armário.
Afinal, é ou não importante sair do armário?
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Para a professora Beatriz Rustiguel da Silva, existem 4 razões importantes para que o indivíduo saia do armário, são eles:
Para ela, torna-se muito difícil alguém se amar verdadeiramente enquanto esconde sua real identidade. Ser autêntica/o é fundamental para se viver em plenitude. A professora ainda dá 5 dicas para quem deseja apoiar um/a amiga/o ou familiar que desejam sair do armário:
Pode-se considerar que o momento de sair do armário é tão assustador quanto libertador. O medo da rejeição por parte de amigas/os e familiares, o medo da violência por parte da sociedade e retaliações em ambientes de trabalho, o momento de "se revelar" de uma pessoa homossexual, pode ser um momento pavoroso, em contrapartida é também um momento de alívio, por poder está, finalmente aberta/o à plenitude de suas vidas, suas vontades.
É obrigatório se declarar LGBTQIA+?
Não!
Saiba que você não é obrigada/o a sair do armário, mas caso esteja pensando em fazê-lo, o pessoal da Huffpost preparou três super dicas:
Dica #1: Saiba que é algo recorrente;
Dica #2: Inspire-se nas experiências de outras pessoas;
Dica #3: Conte com um psicólogo.
Algumas celebridades que saíram do armário em 2019
Diego Hipólito (Tava tão na cara!)
Ludmila
Reynaldo Gianecchini (O burburinho era grande.)
Ícaro Silva
Jesuíta Barbosa
Camila Pitanga
Leilane Neubarth
Gustavo Mendes, entre outras/os.
Pensando em tudo isso, e em como pode ser complexo o processo de sair do armário, que nós, do Tendencias LGBTQIA+ convidamos alguns e algumas leitores/as para uma breve entrevista sobre como sairam do armário ou não e como se deu o processo.
Bora conferir?
Entrevistada/o X
Nossa/o entrevistada/o X tem 30 anos de idade, é mulher cis e lésbica.
Tendencia LGBTQIA+ - Quando você percebeu sua lesbianidade?
Pessoa X - Quando comecei a participar de ménage com casais heteronormativos. A partir daí, notei que estava gostando mais do contato com as mulheres do que com os homens.
Tendencia LGBTQIA+ - Então, quando você aceitou participar de ménage pela primeira vez, como você se considerava? Bissexual, lésbica, heterossexual?
Pessoa X - Não pensava sobre este assunto, fui pela curiosidade.
Tendencia LGBTQIA+ - Você já ouviu falar sobre a expressão "sair do armário"?
Pessoa X - Já sim, mas ainda não saí do armário.
Tendencia LGBTQIA+ - Você pode falar um pouco sobre o motivo (ou motivos) pelo qual você ainda não saiu do armário?
Pessoa X - Passei trinta anos me relacionando apenas com homens, tenho um filho, e uma família conservadora. Além de medo de represálias por parte de amigos e familiares, mas também por falta de uma pessoa que me incentive a fazê-lo.
Tendencia LGBTQIA+ - Você julga que se sentisse apoio por parte de alguém, você sairia do armário? Você já conversou com alguém sobre sua orientação sexual?
Pessoa X - Sim, apenas mulheres lésbicas assumidas me incentivaram.
Tendencia LGBTQIA+ - Se você tivesse alguém que te desse o apoio que você julga necessário, o que você falaria para seus familiares sobre sua sexualidade?
Pessoa X - Que o amor vence qualquer tipo de preconceito. Eu enfrentaria isso com o maior prazer e satisfação, sabendo que há alguém que me daria o que dou a todo mundo: apoio.
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Entrevistada/o Y
Tendencia LGBTQIA+ - Quando você percebeu sua homossexualidade?
Pessoa Y - Eu percebi bem cedo, tipo, quando criança mesmo, no começo eu não entendi o que estava acontecendo, que sentimento era aquele, e por muito tempo me fizeram acreditar que ser gay era algo sujo e errado, levando em consideração toda influência religiosa que até então era presente em minha família. Eu me reprimi por muito tempo, e na minha cabeça, eu tinha que fazer isso em respeito a eles, mas, em momento algum eles me respeitaram. Foi uma fase horrível de alienação e alto cobrança, por que até então, eu tentava dizer pra mim mesmo que isso ia passar porque eu não queria ir para o inferno. Me privaram de muitas coisas, mas, a que mais fez falta foi a INFORMAÇÃO [...].
Tendencia LGBTQIA+ - Como foi a reação de seus familiares e amigas/os quando você saiu do armário?
Tendencia LGBTQIA+ - Que recado você daria para pessoas que ainda não conseguiram sair do armário?
Pessoa Y - Eu diria para ser corajoso, e que tudo vai dar certo. Vamos ocupar espaços e desocupar os armários.
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Entrevistada/o Z
Tendencia LGBTQIA+ - Como você percebeu sua bissexualidade?
Tendencia LGBTQIA+ - Você já ouviu a expressão "sair do armário"?
Tendencia LGBTQIA+ - E o que você entende por "sair do armário"?
Pessoa Z - Deixar de viver algo às escondidas.
Tendencia LGBTQIA+ - Tendo em vista este conceito, você considera que saiu do armário?
Pessoa Z - Do meu armário interno, talvez.
Tendencia LGBTQIA+ - Como você descreve este armário interno?
Pessoa Z - Quando me limitava a seguir padrões que me diziam que o certo era me relacionar com o sexo oposto. Então, assim, embora eu achasse mulheres interessantes, me limitava a não olhar para elas como possíveis parceiras sexuais.
Tendencia LGBTQIA+ - Então você consideraria dizer que o armário não é tão somente interno, tendo em vista que o fator "padrões impostos", se caracteriza como algo externo a você?
Pessoa Z - Sim. As situações externas nos fazem criar barreiras internas.
Tendencia LGBTQIA+ - Em que momento você quis sair do armário?
Pessoa Z - Assim que beijei uma mulher.
Tendencia LGBTQIA+ - Assim que beijou uma mulher, você quis sair do armário. Você encontrou alguma barreira para isso?
Pessoa Z - Não.
Tendencia LGBTQIA+ - Para quem você se abriu primeiro, familiares ou amigas/os?
Pessoa Z - Ambos. Foi numa festa, na qual eu estava com amigues e familiares.
Tendencia LGBTQIA+ - Como os diferentes grupos reagiram?
Pessoa Z - Ficaram um tanto surpresos, mas foi algo momentâneo.
Tendencia LGBTQIA+ - Bem, que recado você gostria de deixar para quem ainda não saiu do armário por circunstâncias diversas?
Pessoa Z - A vida é muito breve para interpretarmos papeis que não nos cabem. Se o outro não está feliz com o que verdadeiramente somos, o problema não está em nós, e sim no outro. Por isso, é preciso assumirmos a responsabilidade com nossa própria existência e nos libertar-mos das expectativas alheias.
Então é isso galera, espero que tenham gostado do conteúdo. 👍
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Abaixo seguem mais referências para quem quiser se aprofundar no assunto. 👇
Boas leituras.
Hábraços.
Alguns vídeos sobre o tema
Quebrando o Tabu
Louie Ponto
BuzzFeed Brasil
Leitura recomendada:
Medium
Fontes:
Super interessante
Mentalidade de crescimento
Huffpost
Excelente matéria. Bastante exclarecedora e tenho certeza que irá ajudar e abrir a mente de muita gente. Quer seja LGBT ou não. Parabéns
ResponderExcluirParabéns pela publicação, muito pertinente para este contexto em que há tantas pessoas presas e indecisas sobre sua essência, e as vezes por medo do preconceito se enclausuram. Parabéns pela clareza na escrita e pelo enredo que envolve o leitor!
ResponderExcluiré verdade mesmo
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